segunda-feira, 28 de junho de 2010

DO FAIR-PLAY AOS VALORES

“O fair-play tem se tornado o grande objetivo e bandeira da Fifa nos últimos anos. A expressão, entretanto, nasceu em 1896, durante as primeiras Olimpíadas da Era Moderna, em Atenas. O organizador dos Jogos daquele ano, Barão de Coubertin, foi o idealizador da filosofia por meio de uma declaração oficial que dizia: "Não pode haver jogo sem fair-play. O principal objetivo da vida não é a vitória, mas a luta".
O fair-play é uma livre interpretação do espírito esportivo e pode ser entendido com aspectos de lealdade. "O fair-play significa muito mais que o simples respeito às regras. Ele abrange a noção de amizade, respeito e para com os outros. É uma maneira de pensar, não somente um comportamento".”
A copa do mundo está em andamento e ficamos observando o quanto este conceito pode e é assumido por jogadores. Em muitos casos a indignação nos toma de assalto, quando presenciamos atos desleais e que não condizem com o verdadeiro espírito esperado dos jogos.
Por certo desejamos sempre vencer, mas espera-se que a vitória seja o fruto de um espírito preparado para o desafio e não uma luta sem bases na verdadeira força interna de superação.
Isto acaba por nos fazer pensar a respeito de nossas vidas, nossas decisões ou ainda os caminhos que acabamos por optar para construir nossas vidas.
Por certo o fair-play não nos vem em mente no dia a dia e nas nossas ações. Não estamos sob o olhar de uma entidade que nos cobra uma postura, mas talvez aí resida o nosso engano.
Em primeiro lugar, precisamos encarar o fair-play de nossas vidas como uma condição para que as nossas relações tanto familiares, quanto sociais e de trabalho possam ocorrer numa dimensão de maior tranqüilidade e camaradagem. Temos que ficar atentos as possibilidades de nos relacionar com mais respeito, evitando embates desnecessários, colocações rudes e atitudes que não construam. Isto parece estar inscrito em todos, mas basta um pequeno fato, uma pequena desavença no modo de pensar recíproco, para que nos esqueçamos da nossa posição primeira para nos enveredemos num campo de respostas mais truculentas e desproporcionais a realidade que se apresenta.
Por certo, em muitos momentos, estamos reeditando uma dor, que poderia já ter sido curada, mas que muitas vezes acaba por ser nutrida.
Outro ponto está em uma postura previamente definida de aversão ou recusa em olhar com mais carinho e alento ao outro. Quantas vezes nos encaminhamos para a vida com uma postura já definida de que se ocorrer uma determinada situação eu vou reagir desta ou de outra forma, muitas vezes agressiva, porque “não aceito que seja de outra maneira”.  Onde pode levar esta forma de se posicionar? Certamente ao desencontro... Temos uma grande responsabilidade pela vida que vivemos e pelos relacionamentos que estabeleçemos, e os rumos que são estabelecidos através disso.
Creio que nos diversos campos da vida precisamos nos mobilizar para sermos mais cuidadosos nas relações com as pessoas, buscando estabelecer relacionamentos mais respeitosos, construtivos e que marquem em nós e nos outros um movimento de engrandecimento, de possibilidades e que fortaleça o espírito de solidariedade, alegria e paz.
Transformar o mundo muitas vezes nos parece uma tarefa inglória, mas, é uma responsabilidade pessoal, intransferível e nobre, que diz respeito ao modo de agir de cada um nos mais diversos locais e meios aos quais estamos inseridos. Este é basicamente o papel de cada um, mudar o seu pequeno mundo, para que toda a sociedade mude.
Sei que vamos sempre ouvir a frase: “- Eu quero que as coisas sejam melhores, mas “este ou aquele” fazem tudo errado e tornam a minha vida difícil”. Vamos lutar com as ferramentas que temos em mãos: nós mesmos. Vamos promover cada um em si, a grande mudança, a crença e a boa luta para que o mundo que sonhamos aconteça.
Isto pode começar como pequenas gotas no oceano, mas se nos empenharmos, em breve, podemos transformar a realidade que nos cerca e quem sabe, gerar um grande tsunami de mudanças em prol de uma sociedade melhor...
Vale tentar, vale mudar, vale empenhar...  Porque no fundo, o benefício final, o grande sabor de vitória, vai recair em você mesmo, com a certeza de que o empenho sempre retorna louros a aquele que agiu ancorado nos melhores valores.
Vamos reavivar em nós, os valores que desejamos ver na nossa sociedade e construir um mundo melhor para nós e a próxima geração que vamos presentear ao futuro.