segunda-feira, 6 de abril de 2009

SENTAR-SE À JANELA DO AVIÃO

Alexandre Garcia

Era criança quando, pela  primeira vez, entrei em um avião.
A ansiedade de voar era enorme.
Eu queria me sentar ao lado da janela de qualquer jeito, acompanhar o vôo desde o primeiro momento e sentir o avião correndo na pista cada vez mais rápido até a decolagem.
Ao olhar pela janela via, sem palavras, o avião rompendo as nuvens, chegando ao céu azul.
Tudo era novidade e fantasia..
Cresci, me formei, e comecei a trabalhar.  No meu trabalho, desde o início, voar era uma necessidade constante.
As reuniões em outras cidades e a correria me obrigavam, às vezes, a estar em dois lugares num mesmo dia.
No início pedia sempre poltronas ao lado da janela, e, ainda com olhos de menino, fitava as nuvens, curtia a viagem, e nem me incomodava de esperar um pouco mais para sair do avião, pegar a bagagem, coisa e
tal.
O tempo foi passando, a correria aumentando, e já não fazia questão de me sentar à janela, nem mesmo de ver as nuvens, o sol, as cidades abaixo, o mar ou qualquer paisagem que fosse.
Perdi o encanto. Pensava somente em chegar e sair, me acomodar rápido e sair rápido.
As poltronas do corredor agora eram exigência . Mais fáceis para sair sem ter que esperar ninguém, sempre e sempre preocupado com a hora, com o compromisso, com tudo, menos com a viagem, com a paisagem,
comigo mesmo.
Por um desses maravilhosos 'acasos' do destino, estava eu louco para voltar de São Paulo numa tarde chuvosa, precisando chegar em Curitiba o mais rápido possível.
O vôo estava lotado e o único lugar disponível era uma janela, na última poltrona.
Sem pensar concordei de imediato, peguei meu bilhete e fui para o embarque.
Embarquei no avião, me acomodei na poltrona indicada: a janela.
Janela que há muito eu não via, ou melhor, pela qual já não me preocupava em olhar.
E, num rompante, assim que o avião decolou, lembrei-me da primeira vez que voara.
Senti novamente e estranhamente aquela ansiedade, aquele frio na barriga.
Olhava o avião rompendo as nuvens escuras até que, tendo passado pela chuva, apareceu o céu.
Era de um azul tão lindo como jamais tinha visto. E também o sol, que brilhava como se tivesse acabado de nascer.
Naquele instante, em que voltei a ser criança, percebi que estava deixando de viver um pouco a cada viagem em que desprezava aquela vista.
Pensei comigo mesmo: será que em relação às outras coisas da minha vida eu também não havia deixado de me sentar à janela, como, por exemplo, olhar pela janela das minhas amizades, do meu casamento, do
meu trabalho e convívio pessoal?
Creio que aos poucos, e mesmo sem perceber, deixamos de olhar pela janela da nossa vida.
A vida também é uma viagem e se não nos sentarmos à janela, perdemos oque há de melhor: as paisagens, que são nossos amores, alegrias, tristezas, enfim, tudo o que nos mantém vivos.
Se viajarmos somente na poltrona do corredor, com pressa de chegar, sabe-se lá aonde, perderemos a oportunidade de apreciar as belezas que a viagem nos oferece.
Se você também está num ritmo acelerado, pedindo sempre poltronas do corredor, para embarcar e desembarcar rápido e 'ganhar tempo', pare um pouco e reflita sobre aonde você quer chegar.
A aeronave da nossa existência voa célere e a duração da viagem não é anunciada pelo comandante.
Não sabemos quanto tempo ainda nos resta.
Por essa razão, vale a pena sentar próximo da janela para não perder nenhum detalhe.
Afinal,  'a vida, a felicidade e a paz são caminhos e não destinos'.

segunda-feira, 30 de março de 2009

LEVANTA-TE E ANDA!

Luiz José da Mota Filho

 Uma queda! Dificuldades que a vida nos trás... Todos nós estamos sujeitos às intempéries da vida. São problemas financeiros, problemas com a saúde, dificuldades na compreensão com outros, rusgas familiares, incompreensões, maledicências, disputas e um cem números de possibilidades que podem acontecer para nos tirar do centro, do sério, do nosso equilíbrio e nos derrubar.

Quantos de nós já amargamos uma situação que nos derruba ao chão e faz com que nos sintamos derrotados, sem esperança. Na realidade não podemos fugir da possibilidade de em nossa vida acontecer fatos que sob a nossa ótica seja uma grande dor.

Entretanto, temos que compreender que as situações acontecem, mas que precisamos manter o nosso interior centrado, buscar sempre compreender os motivos que levaram aquele fato ocorrer, aprender com o ocorrido, tirar a melhor lição. O movimento que nos leva a caminhar nas mudanças precisa estar sempre presente. Necessitamos desenvolver uma crença interior que nos impulsione a olhar a todas as situações com a esperança e a certeza de que tudo pode e vai melhorar e que nada, absolutamente nada, acontece para o meu mal, mas para o meu aprendizado.

Procurando lutar interiormente neste foco, estaremos nos preparando para uma vida mais equilibrada, mais leve, que nos impulsiona a horizontes de maior compreensão de nosso papel como pessoa nesta nossa sociedade. Lutar pela minha serenidade é percorrer o caminho edificante de ser alguém melhor.

Eu creio que posso, e você?


quinta-feira, 26 de março de 2009

AME ENQUANTO É TEMPO...

O relato é real e comovente!

LEIA E MEDITE!
Talvez você dê mais valor às pessoas que estão sua volta!  


Depois de 21 anos de casado, descobri uma nova maneira de manter viva a chama do amor. 
Há pouco tempo decidi sair com outra mulher. Na realidade foi idéia da minha esposa.
Você sabe que a ama, disse minha esposa, um dia me pegando de surpresa.
A vida é muito curta e você deve dedicar um tempo especial a essa mulher completou ela. 
A outra mulher a quem minha esposa estava se referindo, era a minha mãe, uma senhora viúva há 19 anos. As exigências do meu trabalho e meus filhos faziam que eu a visitasse ocasionalmente.
Nessa mesma noite eu a convidei para jantar e ir ao cinema. 
O que você tem? Você está bem?
Perguntou-me ela após o convite. 
(Minha mãe é do tipo que uma chamada tarde, ou um convite surpresa é indicio de más noticias). 
“... pensei que seria agradável passar algum tempo só nós dois” respondi.
Ela refletiu um momento e disse sorrindo : Isso ia me agradar muitíssimo!
Depois de alguns dias, eu estava dirigindo para pegá-la depois do trabalho. Eu estava um tanto ansioso...uma ansiedade que antecede um primeiro encontro...
E que coisa interessante... Pude notar que ela estava muito emocionada. Esperava-me na porta. Havia feito um penteado e usava o vestido que celebrou seu último aniversário de bodas.
Seu rosto irradiava luz, como um anjo!
"Eu disse para minhas amigas que ia sair com você, e elas ficaram muito impressionadas..." comentou ela enquanto subia no carro. 
Fomos a um restaurante não muito elegante, mas muito aconchegante.
Minha mãe agarrou-se no meu braço como se fosse a primeira dama.
Quando nos sentamos, tive de ler o menu para ela.
Mamãe, que estava sentada do outro lado da mesa e me olhava fixamente, me disse com um sorriso nostálgico nos lábios: “Era eu quem lia o menu quando você era pequeno”. 
Então é hora de relaxar e me permitir devolver o favor” respondi.
Durante o jantar tivemos uma agradável conversa. Nada extraordinário, só colocando a vida em dia. Falamos tanto que perdemos o horário do cinema. 
Sairei com você novamente só se você permitir que eu pague da próxima vez, disse minha mãe quando a fui levar em casa. Eu concordei.
Como foi o encontro? perguntou minha esposa ansiosa. 
Muito agradável. Muito mais do que eu poderia imaginar!Respondi. 
Dias mais tarde minha mãe faleceu de um infarto fulminante. Tudo foi tão rápido, que não pude fazer nada.  
Depois de algum tempo, recebi do restaurante onde havíamos jantado, um envelope com cópia de um cheque e uma nota que dizia:
”O jantar que teríamos, paguei antecipado. Estava quase certa de  que eu poderia não estar ali com você e, por isso, paguei e quero que você vá com a sua esposa. Jamais poderá entender o que aquela noite significou para mim. Seja sempre assim. Te amo!” 

Nesse momento compreendi a importância de dizer EU TE AMO, e de dar aos nossos entes queridos o espaço que merecem. Nada na vida será mais importante que as pessoas que você ama. 
Dedique seu tempo a elas porque, talvez, elas não possam esperar... 

Reflita e veja como você tem dividido o seu tempo.  
Será que tem dedicado uma parte do seu tempo as pessoas que você ama? 
Faça isso antes que seja tarde demais... 

ELAS PODERÃO ENSINAR ALGO QUE VOCÊ NUNCA PENSOU. ESSAS COISAS, GERALMENTE, DÃO UMA QUANTIDADE ENORME DE PRAZER. ACREDITE!!! É REAL!!! 


“É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã... 
(Renato Russo) 

 

quinta-feira, 19 de março de 2009

EU COMIGO AQUI E AGORA

Amar o que eu sou, Todo indivisível que constitui o ser e o acontecer do meu corpo,

no espaço e no tempo...

Amar as coisas que eu estou fazendo e o modo como eu as faço...

Amar as minhas limitações, como amo as minhas possibilidades...

E nos meus acertos e erros, amar o projeto que vai se transformando em obra no trabalho da construção de mim mesmo.

Amar-me como eu estou aqui e agora, vivendo a vida simplesmente, naturalmente, com o ar que eu respiro, o chão que eu piso, as estrelas que eu sonho...

Às vezes gostar de mim é um desafio, uma prova de fogo que revela  se eu realmente me amo, ou apenas finjo amar-me...

Gostar de mim na perda, quando a vida me fecha uma porta, sem nenhum aviso ou explicação...

Gostar de mim quando erro, quando fracasso, quando não dou conta, quando não faço bem feito e ainda encontro quem me critique ou zombe de mim por eu ter sido apenas

o que sou: 

- limitado, vulnerável, imperfeito, humano.

Gostar de mim no fundo do poço, cabeça a mil, coração a zero, e ainda assim ser capaz de ouvir e respeitar as referências do meu próprio corpo como um amigo fiel, atento e carinhoso...

Eu me relaciono com as outras pessoas do mesmo modo como eu me relaciono comigo...

Se eu me amo, não sei te odiar...

Se eu me odeio, não sei te amar...

Se eu me desprezo, não sei te respeitar...

Se eu me respeito, não sei te desprezar...

Como eu te aceitar, se eu me rejeito?

Como eu te rejeitar, se eu me aceito?

Celebro no amor a mim mesmo o nascimento do amor pelo meu próximo!


terça-feira, 17 de março de 2009

PARA ONDE VOU?

Só um lembrete do Quintana ...



"A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
 Quando se vê, já são seis horas!
 Quando se vê, já é sexta-feira...
 Quando se vê, já terminou o ano...
 Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
 Quando se vê, já passaram-se 50 anos!
 Agora é tarde demais para ser reprovado.
 Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio. 
 Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, 
 a casca dourada e inútil das horas.
 
Desta forma, eu digo: 

 Não deixe de fazer algo que gosta devido à falta de tempo, 
 a única falta que terá, 
 será desse tempo que 
 infelizmente não voltará mais." 

Mário Quintana 

Acrescento: 
Não deixe de fazer aquilo a que foi chamado, 
pelo seu dom, pelo seu desejo, pela sua vocação e missão.
No final o que resta... é a sensação de ter construído algo. 

quinta-feira, 12 de março de 2009

DOUTORA...

Não se preocupe por não poder dar
 aos seus filhos o melhor de tudo...
Dê a eles o seu melhor.”

 

Certo dia, uma mulher chamada Anne foi renovar a sua carteira de motorista.  
Quando lhe perguntaram qual era a sua profissão, ela hesitou. Não sabia bem como se classificar.  
O funcionário insistiu: "o que eu pergunto é se tem um trabalho."  
"Claro que tenho um trabalho", exclamou Anne. "Sou mãe."  
"Nós não consideramos isso um trabalho. Vou colocar dona de casa", disse o funcionário friamente.  
Uma amiga sua, chamada Marta soube do ocorrido e ficou pensando a respeito por algum tempo.  
Num determinado dia, ela se encontrou numa situação idêntica. A pessoa que a atendeu era uma funcionária de carreira, segura, eficiente.  
O formulário parecia enorme, interminável.  
A primeira pergunta foi: "qual é a sua ocupação?"  
Marta pensou um pouco e sem saber bem como, respondeu:
"Sou doutora em desenvolvimento infantil e em relações humanas."  
A funcionária fez uma pausa e Marta precisou repetir pausadamente, enfatizando as palavras mais significativas.  
Depois de ter anotado tudo, a jovem ousou indagar:  
"Posso perguntar, o que é que a senhora faz exatamente?"  
Sem qualquer traço de agitação na voz, com muita calma, Marta explicou: "Desenvolvo um programa à longo prazo, dentro e fora de casa."  
Pensando na sua família, ela continuou: "sou responsável por uma equipe e já recebi quatro projetos. Trabalho em regime de dedicação exclusiva. O grau de exigência é de 14 horas por dia, às vezes até 24 horas."  
À medida que ia descrevendo suas responsabilidades, Marta notou o crescente tom de respeito na voz da funcionária, que preencheu todo o formulário com os dados fornecidos.  
Quando voltou para casa, Marta foi recebida por sua equipe: uma menina com 13 anos, outra com 7 e outra com 3.  
"Mãe, onde está meu sapato? Mãe, me ajuda a fazer a lição? Mãe, o bebê não pára de chorar. Mãe, você me busca na escola? Mãe, você vai assistir a minha dança? Mãe, você compra? Mãe..." 
Subindo ao andar de cima da casa, ela pôde ouvir o seu mais novo projeto, um bebê de seis meses, testando uma nova tonalidade de voz.  
Feliz, Marta tomou o bebê nos braços e pensou na glória da maternidade, com suas multiplicadas responsabilidades. E horas intermináveis de dedicação... 
Sentada na cama, Marta pensou: "se ela era doutora em desenvolvimento infantil e em relações humanas, o que seriam as avós?"  
E logo descobriu um título para elas: doutoras-sênior em desenvolvimento infantil e em relações humanas.  
As bisavós, doutoras executivas sênior.  
As tias, doutoras-assistentes.  
E todas as mulheres, mães, esposas, amigas e companheiras: doutoras na arte de fazer a vida melhor.
Num mundo em que se dá tanta importância aos títulos, em que se exige sempre maior especialização, na área profissional, torne-se um(a) especialista na arte de amar.

 

 

quarta-feira, 11 de março de 2009

BUSCA

Raymundo Pinheiro


Tenho encontrado muitas pessoas, porém não encontro gente... 

Há um vazio dentro de cada um, um processo de fechamento em sentimentos. 

Encontro sorrisos, porém daqueles que expõem apenas os dentes. 

Ah!  Encontro verdadeiras tocaias, e não corações. Reservas insistentes da solidão. 

Tenho encontrado pessoas medrosas, indecisas, escondendo-se de si mesmas. 

Pessoas que dizem: Não sei..., Não sei se quero..., Não sei se posso...

Quando sabem exatamente o que querem e o que buscam, e não se arriscam ao menor impulso. 

Pessoas duras, escuras, impossibilitadas de amar. Estas, cansei de encontrar... 

Busco por gente que empreste o ombro, que não tenha medo de dizer que levou um tombo

Busco por gente que assuma que amar traz sofrer, e, com esta certeza, não venham a se esconder. 

Busco por gente que tenha a experiência de sobrevivente de guerra. 

Busco por gente, que de tanto caminhar, não tenha receio de dizer que seus pés ainda têm muito por machucar. 

Quero gente de coragem para comigo conversar. 

Gente que saiba que máscaras não dão mais para usar, e sendo seu perfil interno, branco ou preto, tenha a dignidade de revelar. 

Busco por gente que chore livremente, sem preconceitos pelas lágrimas derramadas. 

Quero gente que saiba exatamente para onde está indo e o que deseja encontrar, mesmo que esta busca jamais venha alcançar. 

Busco por gente, "Seres Humanos", que saibam se doar, estes, eu anseio por encontrar

Gente de decisão, sem argumento para esconder, escusas ações. 

Quero gente que é gente, que mostra a cara, vai à luta e dorme contente. 

É desta gente que eu preciso! 

Gente liberta, que me dêem um canto em seu colo e saibam me acariciar, sem tempo, sem hora e em qualquer lugar.  

 

terça-feira, 10 de março de 2009

COM O TEMPO...

Com o tempo... Você aprende que estar com alguém, só porque esse alguém lhe oferece um bom futuro, significa que mais cedo ou mais tarde você irá querer voltar ao passado...

Com o tempo... Você se dará conta que casar só porque “está na hora”, é uma clara advertência de que o seu matrimônio será um fracasso...

Com o tempo... Você compreende que só quem é capaz de lhe amar com os seus defeitos, sem pretender mudar-lhe, é que pode lhe dar toda a felicidade que deseja...

Com o tempo... Você se dará conta de que se você está ao lado de uma pessoa só para não ficar sozinho(a), com certeza uma hora vai desejar não voltar a vê-la..

Com o tempo... Você se dará conta de que ter amigos vale mais do que qualquer montante em dinheiro... e entende que os “verdadeiros amigos” se contam nos dedos, e que aquele que não luta para tê-los, mais cedo ou mais tarde se verá rodeado unicamente de amizades falsas...

Com o tempo... Você aprende que as palavras ditas num momento de raiva podem continuar a magoar a quem você disse durante toda a vida...

Com o tempo... Você aprende que desculpar todos o fazem, mas perdoar, somente as almas grandes conseguem... 

Com o tempo... Você compreende que se você feriu muito um amigo, provavelmente a amizade jamais será a mesma... 

Com o tempo... Você se dá conta de que cada experiência vivida com cada pessoa é insubstituível e única...

Com o tempo... Você se dá conta de que aquele que humilha ou despreza um ser humano, mais cedo ou mais tarde sofrerá as mesmas humilhações e desprezos, só que multiplicados... 

Com o tempo... Você aprende a construir todos os seus caminhos hoje, porque o terreno do amanhã é demasiado incerto para fazer planos...

Com o tempo... Você compreende que apressar as coisas ou forçá-las para que aconteçam, fará com que no final não sejam como você esperava... 

Com o tempo... Você se dará conta de que, na realidade, o melhor não era o futuro, mas sim o momento que estava vivendo naquele instante... 

Com o tempo... Você aprende que tentar perdoar ou pedir perdão, dizer que ama ou dizer que sente falta, dizer que precisa ou que quer ser... Junto de um caixão... deixa de fazer sentido...

Por isso, recorde sempre estas palavras: 

O HOMEM TORNA-SE VELHO MUITO RÁPIDO E SÁBIO DEMASIADO TARDE,  exatamente quando: JÁ NÃO HÁ TEMPO” 

 

Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio
SALMOS 90:12

Sorria e seja feliz!

Você merece, e isso, só depende de você!


sábado, 7 de março de 2009

SAUDADE É O AMOR QUE FICA!

Eu... Médico cancerologista, já calejado com longos 29 anos de atuação profissional, com toda vivencia e experiência que o exercício da medicina nos traz, posso afirmar que cresci e me modifiquei com os dramas vivenciados pelos meus pacientes. Dizem que a dor é quem ensina a gemer.

Não conhecemos nossa verdadeira dimensão, até que, pegos pela adversidade, descobrimos que somos capazes de ir muito mais além. Descobrimos uma força mágica que nos ergue, nos anima, e não raro, nos descobrimos confortando aqueles que vieram para nos confortar.

No início da minha vida profissional, senti-me atraído em tratar crianças, me entusiasmei com a oncologia infantil. Tinha, e tenho ainda hoje, um carinho muito grande por crianças. Elas nos enternecem e nos surpreendem como suas maneiras simples e diretas de ver o mundo, sem meias verdades.

Nós médicos somos treinados para nos sentirmos "deuses". Só que não o somos! Não acho o sentimento de onipotência de todo ruim, se bem dosado.

É este sentimento que nos impulsiona, que nos ajuda a vencer desafios, a se rebelar contra a morte e a tentar ir sempre mais além. Se mal dosado, porém, este sentimento será de arrogância e prepotência, o que não é bom.

Quando perdemos um paciente, voltamos à planície, experimentamos o fracasso e os limites que a ciência nos impõe e entendemos que não somos deuses. Somos forçados a reconhecer nossos limites!

Recordo-me com emoção do Hospital do Câncer de Pernambuco, onde dei meus primeiros passos como profissional. Nesse hospital, comecei a freqüentar a enfermaria infantil, e a me apaixonar pela oncopediatria. Mas também comecei a vivenciar os dramas dos meus pacientes, particularmente os das crianças, que via como vítimas inocentes desta terrível doença que é o câncer.

Com o nascimento da minha primeira filha, comecei a me acovardar ao ver o sofrimento destas crianças. Até o dia em que um anjo passou por mim.

Meu anjo veio na forma de uma criança já com 11 anos, calejada, porém por 2 longos anos de tratamentos os mais diversos, hospitais, exames, manipulações, injeções, e todos os desconfortos trazidos pelos programas de quimioterapias e radioterapia.

Mas nunca vi meu anjo fraquejar. Já a vi chorar sim, muitas vezes, mas não via fraqueza em seu choro. Via medo em seus olhinhos algumas vezes, e isto é humano! Mas via confiança e determinação. Ela entregava o bracinho à enfermeira, e com uma lágrima nos olhos dizia: "Faça tia, é preciso para eu ficar boa".

Um dia, cheguei ao hospital de manhã cedinho e encontrei meu anjo sozinho no quarto. Perguntei pela mãe. E comecei a ouvir uma resposta que ainda hoje não consigo contar sem vivenciar profunda emoção.

Meu anjo respondeu:

- Tio - disse-me ela - às vezes minha mãe sai do quarto para chorar escondido nos corredores. Quando eu morrer, acho que ela vai ficar com muita saudade de mim. Mas eu não tenho medo de morrer, tio. Eu não nasci para esta vida!

Pensando no que a morte representava para crianças, que assistem seus heróis morrerem e ressuscitarem nos seriados e filmes,indaguei:

- E o que a morte representa para você, minha querida?

- Olha tio, quando agente é pequena, às vezes, vamos dormir na cama do nosso pai e no outro dia acordamos no nosso quarto, em nossa própria cama, não é? (Lembrei minhas filhas, na época crianças de 6 e 2 anos, costumavam dormir no meu quarto e após dormirem eu procedia exatamente assim.)

- É isso mesmo. E então?

- Vou explicar o que acontece - continuou ela - Quando nós dormimos, nosso pai vem e nos leva nos braços para o nosso quarto, para nossa cama, não é?

- É isso mesmo querida. Você é muito esperta!

- Olha tio, eu não nasci para esta vida! Um dia eu vou dormir e o meu Pai vem me buscar. Vou acordar na casa Dele, na minha vida verdadeira! 

Fiquei "entupigaitado". Boquiaberto, não sabia o que dizer. Chocado com o pensamento deste anjinho, com a maturidade que o sofrimento acelerou, com a visão e grande espiritualidade desta criança, fiquei parado, sem ação.

- E minha mãe vai ficar com muitas saudades minha - emendou ela.

Emocionado, travado na garganta, contendo uma lágrima e um soluço,

perguntei ao meu anjo:

- E o que a saudade significa para você, minha querida?

- Não sabe não tio? Saudade é o amor que fica!

Hoje, aos 53 anos de idade, desafio qualquer um dar uma definição melhor, mais direta e mais simples para a palavra "saudade"... Saudade é o amor que fica!

Um anjo passou por mim...

Foi enviado para me dizer que existe muito mais entre o céu e a terra, do que nos permitimos enxergar. Que geralmente, absolutilizamos tudo que é relativo (carros novos, casas, roupas de grife, jóias) enquanto relativizamos a única coisa absoluta que temos nossa transcendência.

Meu anjinho já se foi, há longos anos. Mas me deixou uma grande lição, vindo de alguém que jamais pensei, por ser criança e portadora de grave doença, e a quem nunca mais esqueci. Deixou uma lição que ajudou a melhorar a minha vida, a tentar ser mais humano e carinhoso com meus doentes, a repensar meus valores.

Hoje, quando a noite chega e o céu está limpo, vejo uma linda estrela a quem chamo "meu Anjo", que brilha e resplandece no céu. Imagino ser ela, fulgurante em sua nova e eterna casa.

Obrigado anjinho, pela vida bonita que teve, pelas lições que ensinastes, pela ajuda que me destes.

 Que bom que existe saudades! O amor que ficou é eterno.