quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

INIMIGO MEU

Eis uma história que nem todos conhecem... 

 

Refere-se a dois dos três tenores que encantaram o mundo, cantando juntos.

Mesmo quem nunca visitou a Espanha, conhece a rivalidade existente entre catalães e madrilenos, dado que os catalães lutam pela autonomia, numa Espanha dominada por Madrid. 

Pois bem... Plácido Domingo é madrileno. José Carreras é catalão. 

Devido a questões políticas, em 1984, Carreras e Domingo, tornaram-se inimigos.

Sempre muito solicitados em todo o mundo, ambos faziam questão de exigir nos seus contratos, que só atuariam em determinado espetáculo se o adversário não fosse convidado.

Em 1987, apareceu a Carreras um inimigo muito mais implacável que o seu rival, Plácido Domingo, foi surpreendido por um diagnóstico terrível: leucemia. A sua luta contra o câncer foi muito difícil, tendo-se submetido a diversos tratamentos, a um transplante de medula óssea, além de transfusões de sangue, que o obrigava a viajar mensalmente até aos Estados Unidos.

Nestas circunstâncias, não podia trabalhar e apesar de ser dono de uma fortuna razoável, os elevadíssimos custos das viagens e dos tratamentos, dilapidaram as suas finanças.

Quando não tinha mais condições financeiras, teve conhecimento da existência de uma fundação em Madrid, cuja finalidade era apoiar o tratamento de doentes com leucemia.

Graças ao apoio da fundação "Formosa", Carreras venceu a doença e voltou a cantar. Voltou a receber os altos cachês que merecia, e resolveu associar-se à fundação. Ao ler os seus estatutos, descobriu que o seu fundador, maior colaborador e presidente da fundação, era Plácido Domingo. Depressa soube que Domingo tinha criado a fundação para ajudá-lo e que se tinha mantido no anonimato para que ele não se sentisse humilhado ao aceitar o auxílio do seu “inimigo”.  

Mas... O mais comovente foi o encontro de ambos.

Surpreendendo Plácido Domingo num dos seus concertos em Madrid, Carreras interrompeu a atuação deste, subindo ao palco e humildemente, ajoelhou-se a seus pés, pediu-lhe desculpas e agradeceu-lhe publicamente.

Plácido ajudou-o a levantar-se e com um forte abraço, selaram o início de uma grande e bela amizade.

Mais tarde, uma jornalista perguntou a Plácido Domingo, porque criara a fundação "Formosa", num gesto que além de ajudar um “inimigo”, ajudava também o único artista que poderia fazer-lhe concorrência.

A sua resposta foi curta e definitiva:

“-Porque uma voz como aquela não poderia perder-se." 

 

Esta é uma história real da nobreza humana e deveria servir-nos de inspiração e exemplo. 


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