segunda-feira, 2 de março de 2009

ELEGÂNCIA

Toulouse Lautrec


Existe uma coisa difícil de ser ensinada e que, talvez por isso, esteja cada vez mais rara: a elegância do comportamento.  

É um dom que vai muito além do uso correto dos talheres e que abrange bem mais do que dizer um simples obrigado diante de uma gentileza.

É a elegância que nos acompanha da primeira hora da manhã até a hora de dormir e que se manifesta nas situações mais prosaicas, quando não há festa alguma nem fotógrafos por perto.  

É uma elegância desobrigada.  

É possível detectá-la nas pessoas que elogiam mais do que criticam. Nas pessoas que escutam mais do que falam. E quando falam, passam longe da fofoca, das pequenas maldades ampliadas no boca a boca.

É possível detectá-la nas pessoas que não usam um tom superior de voz ao se dirigir a frentistas.  Nas pessoas que evitam assuntos constrangedores porque não sentem prazer em humilhar os outros.  

É possível detectá-la em pessoas pontuais.

Elegante é quem demonstra interesse por assuntos que desconhece.  E, ao receber uma ligação, não recomenda à secretária que pergunte antes quem está falando, e só depois manda dizer se está ou não está.  

É quem presenteia fora das datas festivas. 

É quem cumpre o que promete.

Oferecer flores é sempre elegante. 

É elegante não mudar seu estilo apenas para se adaptar ao outro.  

É elegante você fazer algo por alguém, e este alguém jamais saber o que você teve que se arrebentar para o fazer... 

É elegante não ficar espaçoso demais.  

É muito elegante não falar de dinheiro em bate-papos informais.  

É elegante retribuir carinho e solidariedade.  

É elegante o silêncio, diante de uma rejeição...  

Sobrenome, jóias e nariz empinado não substituem a elegância do gesto.

Não há livro que ensine alguém a ter uma visão generosa do mundo, a estar nele de uma forma não arrogante.  

É elegante a gentileza... atitudes gentis falam mais que mil imagens... 

Abrir a porta para alguém... é muito elegante.  

Dar o lugar para alguém sentar... é muito elegante. 

Sorrir, sempre é muito elegante e faz um bem danado para a alma...

Olhar nos olhos ao conversar, é essencialmente elegante.  

Oferecer ajuda... é muito elegante. 

Pode-se tentar capturar esta delicadeza natural pela observação, mas tentar imitá-la é improdutivo. 

A saída é desenvolver em si mesmo a arte de conviver, que independe de status social: é só pedir licencinha para o nosso lado brucutu, que acha que "com amigo não tem que ter estas frescuras".

Educação enferruja por falta de uso.  E, detalhe: não é frescura.  

Se os amigos não merecem uma certa cordialidade,
os inimigos é que não irão desfrutá-la. 
 


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